09 setembro 2011

Em busca de sentido


Li um livro que, de tão belo, quero que vocês possam ler também! Chama-se "Em Busca de Sentido" do senhor Viktor Frankl. Psiquiatra e vivendo na Alemanha nazista da Segunda Guerra, o autor narra a experiência de "não entregar os pontos" em um campo de concentração de Auschwitz. Subnutrição, tifo exantemático e perda de uma identidade material não são motivos no entanto pra não querer continuar seguindo em frente. A partir daí descreve sua psicoterapia, a Logoterapia, que quer dizer, terapia do sentido. Mas que sentido é esse? No campo de concentração , ganhavam-se alguns cigarros por trabalhos extras com bônus dados pelos oficiais da SS. Estes cigarros eram como "moedas" a serem trocados quem sabe por um pedaço de pão ou por um pouco mais da sopa rala que era distribuída. Sabiam no entanto que aqueles companheiros que perdiam esperanças morriam em pouco tempo : começavam a fumar os cigarros. Angústia de estar longe de quem se ama, dormindo em posições desconfortáveis e ao lado de outros homens também reféns da situação em meio a palha, urina e fezes. Nenhum resquício, papel, aliança ou documento para identificação. Trabalhos forçados e sob extremos castigos aplicados por Capos (homens selecionados pela SS por serem crueis e frios) e inexistência de qualquer hipótese de sair daquele lugar algum dia vivo.
A Logoterapia no entanto aponta para uma luzinha, mesmo que tênue nesse furacão de angústia e medo. Todos aqueles que estão ali podem passar a pensar em situações paradoxais que os alivie de certa forma. Certa vez, um clínico geral já de idade, procurou o auxílio de Frankl pois havia perdido o sentido de continuar vivo. Sua esposa, companhia primorosa e motivo de sua paz havia falecido e não conseguia se consolar por nada, caindo em depressão.
- "Ah," disse ele, "isso teria sido terrível para ela; ela teria sofrido muito!" Ao que retruquei: "Veja bem, doutor, ela foi poupada deste sofrimento e foi o senhor que a poupou dele; mas agora o senhor precisa  pagar por isso sobrevivendo a ela e chorando a sua morte."
A Logoterapia proposta por Viktor Frankl mostra que, de uma forma bem simples e citando o senhor Nietzsche que  "Quem tem por que viver pode suportar quase qualquer como.". E esse como pode ser um trabalho, uma distração, um amor ou mesmo a solução de um sofrimento ou angústia.
Por isso, era também necessário olhar de frente a situação, a avalanche de sofrimento, apesar do perigo de alguém "amolecer" e quem sabe, em segredo deixar as lágrimas correr livremente. Não precisaria envergonhar-se dessas lágrimas. Eram o penhor de ele ter a maior das coragens - a coragem de sofrer. Mas pouquíssimos sabiam disso, e só envergonhados admitiam ter-se extravasado em lágrimas de novo. Certa vez perguntei a um companheiro como fizera desaparecer os seus edemas de fome, ao que ele confessou: "Curei-os chorando..."
Me fez bem, acredito que fará bem a vocês ;)
Beijinho,

(Deixo aqui todo meu carinho por vocês que comentam aqui e que me fazem muito bem! Considerem este desenho que fiz como um presente de gratidão, meus amigos tão especiais!)